A Travessia de Caleb
– Geraldine Brooks

travessiacaleb-1A história começa em uma reservada comunidade inglesa, na ilha Great Harbor, e traz para discussão a influência calvinista e o choque entre culturas.

O excesso e apego aos ensinamentos bíblicos, atrelado à repulsa aos prazeres da vida e a crença na predestinação social e religiosa, tornou a vida da jovem Bethia Mayfield um verdadeiro inferno.

Repressão religiosa

Não bastasse o rigor religioso do pai, que recorria à vontade divina para justificar as agruras sofridas pela família, a jovem e talentosa Bethia foi privada da oportunidade de acesso às informações que pudessem balizar as suas escolhas. Aliás, escolhas era o que menos a jovem podia fazer.

A vida lhe reservou uma oportunidade que alterou o curso dos acontecimentos.

Em uma das suas caminhadas conheceu Caleb, filho de um líder tribal, habitante da ilha.

Daí, Bethia, encontra na relação a naturalidade, desprovida de conceitos arcaicos e restritivos.

Outros valores

As exigências sociais e religiosas tomam outra roupagem, ao perceber os valores atribuídos à natureza pelos nativos.

Caleb desperta interesse, contudo, devido à pouca idade e à imposição cultural, Bethia, mantem-se confusa por muitos e muitos anos.

Sacrificada pelo pai, após a morte de sua mãe, e pelo irmão e avô, após a morte do seu pai, Bethia torna-se serviçal em uma escola preparatória, para possibilitar o ingresso do irmão e de Caleb em Harvard.

Diferente curso para a vida

A narrativa traz surpresas e dá ênfase aos conflitos psicológico imputados por excesso de rigor religioso e opressão social. O rumo da história poderia ser outro se alguns fatos não tivessem acorridos.

“Será sempre assim, no fim das coisas? Será que alguma mulher é capaz de contar os grãos de sua colheita e dizer: foi o suficiente? Ou será que sempre pensamos no que mais poderíamos ter vivido se o trabalho houvesse sido mais árduo, a ambição mais vasta, as escolhas mais sábias? Continuo a ler e me pego sorrindo para a jovem cheia de vigor, sua coragem, sua insensatez e seus muitos medos.”

Reflexão sobre o futuro

“Se eu tivesse me afastado daquele menino à beira da lagoa, montado em Pintada e cavalgado de volta para o meu mundo, deixando-o em paz com seus deuses e espíritos, teria sido melhor? Ele ainda estaria vivo, agora como um senhor idoso, patriarca de uma família, líder de sua tribo? Talvez. Não tenho como saber.”

O livro possui uma linguagem direta, acessível e lógica.

Mostra uma história preconceituosa e intervencionista que desrespeita crenças e culturas a exemplo do que ocorreu em muitas colonizações.

Recomendo a leitura!

Geraldine Brooks

geraldine-brooks-1Escritora e jornalista.

Cresceu nos subúrbios ocidentais de Sydney.

Trabalhou como repórter para o jornal Sydney Morning Herald e para o The Wall Street Journal, onde cobriu as crises no Oriente Médio, África e Balcãs.

Escreveu Senhor March, Ano de Maravilhas, Ano de Milagres e As Memórias do Livro.

Recebeu o Prêmio Pulitzer de ficção em 2006.

Referência bibliográfica

Brooks, Geraldine,1955.
A Travessia de Caleb: A luta de um homem para não se perder entre culturas / Geraldine Brooks; tradução Diego Alfaro. – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2012.
392p.: 23 cm
Tradução de: Caleb’s crossing
ISBN 978-85-209-2957-5
1.Cheeshahteaumuck, Caleb, 1646-1666 – Ficção. 2. Ficção histórica. 3. Ficção australiana. I. Alfaro, Diego. II. Título.
Tradução de Viétchnii Muj
1. Literatura russa. I. Schnaiderman, Boris. II. Título. III. Série.
(R)

 

Um comentário

  1. Conheci o blog há alguns meses, e percebi que o dono parou de postar nele; por quê? As resenhas eram ótimas: espero que o blog continue, pois serve de inspiração para que eu faça minhas próprias resenhas literárias

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